|Zeitgeist| like a fucking stoned






sexta-feira, janeiro 31, 2003

PAZ

Imagine o George Bush todo rebolativo, com a mão nos quartos, convidando o Saddam Hussein, acanhado no canto do salão de black music:

Brother, vem dançar que a banda começou
É o samba-soul que o outro brother me ensinou
Vem dançar, vem dançar, vem dançar, irmão
É a vez do samba-soul

Venha se embalar nesta marcação
É muito importante o clima dessa união
Vem dançar, vem dançar, vem dançar, irmão
É a vez do samba-soul

Este é o momento certo dessa libertação
Se a gente usar a força dessa canção

Lady Zu e Totó

Neo Zeitgeist




NOVA GÍRIA

Depois de vários netos matando a avó de várias maneiras sob o efeito de drogas, criou-se uma nova gíria no léxico. A versão hardcore de "enfiar o pé na jaca" agora é DECEPAR A AVÓ.

Tipo, "hoje vamos para a balada que eu quero decepar a avó". Ou "estou acabado, ontem eu decepei a avó", rararararara.

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AGORA É MODA

Agora a "tendência" é ser qualquer coisa-chique ou glam. Li outro dia que um sujeito fez desfile sporty-glam. Puta coisa baiana! O cara só teve dinheiro pra fazer roupa de inverno com malha de ginástica, rarara

Só falta a nova onda ser doente-mental-chic, com look hospitalar, muito branco e make asséptico! Há também as tendências bóia-fria-glam, açougue-chic, mecânico-trash, japonismo-caipira e o incrível mendigo-electro!

Agora o melhor é coleção de inverno pro BRASIL! Bando de gente cafona da porra. Mas eu vou sugerir uma coleção para o inverno brasileiro, baseado em dicas de amigos:

  • Canga de pele de raposa

  • Biquíni de gola rolê

  • Coturno de frente única

  • Maiô de pelica

  • Sunga de vison

  • Saída de banho de lã


  • Ia ser um sucesso.

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    quinta-feira, janeiro 30, 2003

    NOTHING COMPARES TO YOU

    Depois de cantar com Massive Attack, Sinéad O'Connor participa do álbum do Asian Dub Foundation. Tipo, qual é da moça?

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    Se existisse bastard pop na moda, esse Lino Villaventura teria criado um remix com Pablo do Qual É a Música e Thriller.

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    CLIPE CIENTÍFICO

    Special Cases, do Massive Attack.

    O grupo volta a fazer vídeo com imagens de dentro do corpo a exemplo de Tear Drop, em que um feto "dublava" Elizabeth Fraser.

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    terça-feira, janeiro 28, 2003

    SANDY DE VÊNUS

    Você leu aqui o dia em que a Sandy trepou como uma cavala com o seu irmão Junior. O episódio deve estar esquecido nos arquivos deste blog mal escrito, procure lá. Pois agora os dois foram à TV dizer que sempre usam camisinha. Pois naquela noite de orgia, sem Xororó e a Noeli em casa, os dois usaram tudo menos camisinha.

    There's no business like show business, lembre-se disso.

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    ENGENHEIROS DE BIQUÍNI

    Ingenuamente pensava que qualquer coisa que os Engenheiros do Hawaii fizessem fosse algo que estivesse condenado à ruindade perpétua, sem salvação. Seria um dos poucos grupos que produzem merdas difíceis de serem pioradas.

    Parabéns ao Biquíni Cavadão que conseguiu jogar MAIS cocô no ventilador da banda gaúcha na cover de Toda Forma de Poder.

    Putaqueopariu...

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    domingo, janeiro 26, 2003

    MEU FÓRUM MUNDIAL

    Será que não existe um site onde se pode criar o seu próprio Fórum Mundial? Com opções ricos (econômico) e pobres (social), manifestantes ou platéia com tradução simultânea. Com várias opções de protestos (contra McDonald's, polícia suíça, transgênicos, e EU da A). Os discursos também poderiam ser personalizados, assim como a repercussão do evento em todo mundo.

    Não existe mesmo?

    E, putz, não fui a Porto Alegre vender as minhas bandeiras inflamáveis dos EU da A. Elas existem desde a época do Osama Bin Laden (lembra dele?). Tudo bem...

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    REMISTURA

    Então você gosta de remix? Aqui tem 10 dos caras da Astralwerks.

    "Dos caras" é muito íntimo, né?

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    SOUND OF MUSIC

    Música do dia: Real Life, Audio Bullys.
    Álbuns aguardados (por mim): Clean, Cosmo Vitelli; Love Box, Groove Armada; Gotham!, Radio 4; Colette 4 _que completa a minha coleção de discos da lojinha da Faubourg Saint-Honoré.

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    TRÓPICO

    A indústria de discos do Brasil é tão tosca que não dá nem para chamar de indústria. Tome-se por exemplo o novo disco de Missy Elliott, distribuído nacionalmente pela Warner. No final de dezembro, a gravadora distribui cópias para a imprensa, que diz que os disco está nas lojas.

    Não está até hoje, é claro. Só chega a partir desta semana ou da que vem, devido ao recesso _de um mês_das gravadoras.

    Bando de vagabundos e incompetentes, deviam vender cartela de Mega Sena.

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    FREAK WEEK

    Alguém pode me informar quando é o desfile das campeãs do São Paulo Fashion Freek? Diz que o evento é o chamado carnaval fora de temporada, haha.

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    ANÚNCIO

    A nova marca Paralamas do Sucesso está revolucionando o mercado de cadeiras de rodas jovem. Com design arrojado, as cadeiras de rodas Paralamas do Sucesso são o mais novo hype entre os antenados e descolados, com três modelos de raios de titânio desenhados especialmente pelos moderníssimos Phillipe Stark e Tyler Brûle.

    Como o próprio nome sugere, o grande diferencial das Paralamas do Sucesso são os... pára-lamas. Disponíveis nas versões "night" e "sport", os acessórios podem ser adquiridos separadamente. A versão "night" traz pára-lamas glow, que brilham no escuro, indicados para festas e eventos noturnos. Já a "sport" oferece pára-lamas aerodinâmicos feitos com material usado pela Nasa, ideal para atividades outdoor.

    Para os mauricinhos, a empresa desenvolveu um modelo rebaixado com potente sistema de som e luz azul sob o assento para você impressionar as garotas!

    E as cadeiras de rodas Paralamas do Sucesso são o patrocinador oficial da seleção brasileira paraolímpica.

    O que você está esperando aí sentado? Corra e garanta já a sua Paralamas do Sucesso!

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    WORLD PIE

    Confeiteiros sem Fronteiras!! Muito bom, muito bom.

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    sexta-feira, janeiro 24, 2003

    SABOTAGE

    Alvíssaras! Finalmente um rapper brasileiro é assassinado! Depois de uns sete anos das mortes de Tupac Shakur e Notorious B.I.G, o Brasil tem o seu representante do hip hop devidamente alçado à posteridade como se deve. Faltava esse "quinto elemento" ao hip hop nacional.

    Porque rapper tem de ser mau, tem de atirar, tem de traficar. Esse negócio de comunidade, Cohab, "trabalhador" é pra pagodeiro.

    Agora é esperar álbuns póstumos do Sabotage e marketing bacana para o filme Carandiru.

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    GERÚNDIO

    Reparo que as pessoas começam a não usar tanto o elegante "vou estar fazendo" ou "vai estar peidando". Agora aprenderam o português e dizem "estarei fazendo" ou "estará entrando em contato".

    Não é um amor de analfabetismo?

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    REBECCA

    Depois de vários meses, Femme Fatale estréia no Brasil. Bom, já falei sobre isso, não vou me repetir.

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    quinta-feira, janeiro 23, 2003

    ENGRAÇADINHO

    Olha o bilhete que um mané deixou no vidro do meu carro.

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    quarta-feira, janeiro 22, 2003

    ÍDOLO

    As junkets, ou entrevistas coletivas, são constrangedoras em qualquer lugar do mundo. Nesse caso, por acaso, é sobre o insuportável O Senhor dos Anéis, mas é bastante reveladora de como os jornalistas patetas se comportam diante de artistas consagrados.

    E isso é a regra, seja quando o assunto é cinema ou música. Não há nada mais deprimente do que um jornalista pedir autógrafo ao entrevistado.

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    SAÚDE DEMAIS

    Danny Boyle diz que os atores de Trainspotting estão saudáveis demais para fazer a seqüência do filme. Hahahaha.
    Parece que eles andaram usando creme facial e loção de vitamina E. Eles estão com uma ótima aparência", afirmou o diretor.

    Tá vendo? Tá vendo? Creme facial e vitamina E são drogas pesadas que fecham as portas de uma carreira cinematográfica bem-sucedida.

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    DIVIRTA-SE

    Eu adoro quando o entrevistado enrola o entrevistador _já fui vítima disso, daí o meu apreço a episódios assim. Melhor ainda quando a história inventada é sensacional, como a que o DJ Marlboro falou hoje à Folha.

    O cara disse que o funk carioca começou depois que o Hermano Vianna, irmão do Herbert, mostrou uma bateria eletrônica a ele. Então DJ Marlboro, que não sabia mexer no instrumento, sonhou que sabia programar o troço. E o resto é história, rarara. Tipo Beatles e Stones, diz o texto! Isso não é demais? E tudo aconteceu em 1989, hehe.

    Carioca é malandro prakarai.

    Fora que ninguém leu O Mundo Funk Carioca, tese de mestrado do próprio Hermano, lançado em 1988.

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    O HYPE MATOU O ELECTRO E SE SUICIDOU

    Em 2001 pensei: uau! isso é legal, estou nessa. Havia um comportamento subversivo que dizia "oi" pra mim. Tinha glamour, mas era sujo; histriônico, mas despretensioso; tinha sexo, mas não havia amor. Perfeito porque nasceu num período de pasmaceira musical/comportamental e, devido a todas aquelas características, não foi feito para durar muito. O electro era a violência despudorada que a música pop precisava, principalmente depois de 11/9.

    O fato de ser underground ajudava na versatilidade de atitudes. A capa de #1, do Fischerspooner, é o paradigma. O sexo sujo de Peaches corrói mais do que a sensaulidade oleosa e dirrty de qualquer Aguilera. A ex-go-go girl Miss Kittin de algemas, num disco em que 1982 vinha à tona, subvertia o período em que éramos crianças.

    É como se os anos 80 pop-trash tivessem sido não resgatados, mas seqüestrados de um passado cada vez mais nostálgico e torturados com sintetizadores, o instrumento que se tornou arma de coerção.

    O rosto de Sid Vicious no corpo de Schwarzenegger como logomarca da gravadora que reúne alguns artistas do gênero diz muito. Foda-se, é um exemplo. Entretanto, isso não resultou numa postura punk "joão-gordica", armadilha fácil.

    Do punk veio a violência, da disco vieram o exagero e o sexo _mas aqui ele é pan e bruto_ e do pop veio o formato das músicas e do comportamento _moda etc. E o que se chama electro hoje guarda poucas semelhanças ao electro de Bambaataa e Arthur Baker; o aspecto booty talvez seja a única delas, e Dave Clarke um dos poucos a explorar isso pelo menos três anos antes.

    Mas tudo isso já acabou, tornou-se algo que não era. Agora é outra coisa que definitivamente já não me interessa mais. Seja porque o "conceito" se esgotou _e ele não foi feito para durar mais do que, digamos, duas temporadas_, seja devido à histeria das gravadoras que arregalaram o olho para isso e dos fãs aqui no Brasil, sempre carentes do que seguir. Isso é a conjunção perfeita para cair no ridículo.

    Sim, porque aqui não basta gostar, se identificar com o electro, tem de gritar para o maior número possível de pessoas que aquilo é o máximo, "hype" e que talvez a pessoa morra se aquilo não existir *imediatamente*. É o típico caso de distorção brasileira de um gênero/banda/movimento surgido no Hemisfério Norte _veja o hip hop, por exemplo: estancou pelos motivos exatamente contrários aos dos que saturou o electro aqui, a aversão ao hype.

    Se o Brasil chegou, como sempre, atrasado ao electro, pelo menos está em sintonia com a Europa no período sua, ahn, decadência (!). Mas aqui tudo foi diferente, bem menos agressivo e sexual e mais "sério" _hype é coisa séria por aqui, viu?. E foi bem menos divertido, como tudo que é engolido de uma vez sob pena de não ser "in" já.

    De modo que é sintomático que o electro no Brasil tenha se tornado patético justamente pela overdose de hype que ganhou. Porque nos anos 00 estamos vendo a morte do hype como força motriz de divulgação da música, esse óleo que lubrifica a relação mercado-consumidor. Um óleo tão preto quanto os delineadores dos seguidores do electro e tão borrado quanto.

    A saturação de "aclamação geral" começa a causar rejeição em todos os níveis, não só no "caso electro". E o que se vê pela frente é um período em que o cool vai predominar, em que a histeria geral vai calar, em que alguma coisa vai ser um pouco mais autêntica pelo que é, e não porque tem o megafone mais potente.

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    terça-feira, janeiro 21, 2003

    CAÇULAS

    As filhas caçulas são as criaturas mais adimiráveis e encantadoras que existem. As três mulheres que mais adoro são caçulas e são caçulas distantes da irmã imediatamente mais velha.

    Essas caçulas têm um je ne sais quai em relação à vida que os irmãos adorariam ter. Vivem melhor do que eles, são destemidas, mais curiosas e muito mais divertidas _apesar de uma dessas caçulas discordar desse último. De certo modo, elas já nasceram certeiras e destemidas, como a conquistar ou minimizar a distância que as separa dos irmãos.

    A beleza também é um fator comum a elas: os pais esperaram mais, mas ganharam verdadeiros anjos.

    E, apesar disso tudo, são fortes. Fortes não, fortalezas que não se subjugam diante de intempéries, quaisquer que sejam. Elas são como são no matter what. Talvez seja esse caldo de doçura e self-empowerment o que mais me fascina nas filhas caçulas. Palavra de filho mais velho.

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    A caretice é o maior tranca-rua da humanidade.

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    segunda-feira, janeiro 20, 2003

    BAIANOS HARDCORE

    É inacreditável a quantidade de vezes que se falou hoje que a bosta do Cidade de Deus PERDEU o Globo de Ouro. Perdeu, santa? Então vai procurar pra ver se acha, oras.

    A Folha Online até cometeu a estupidez de dizer que Fale com Ela TIROU o prêmio do filme da favela. Jesus! Chama a polícia, né? Manda prender esse safado do Almodóvar que ROUBOU o prêmio que já era NOSSO, de um país tão sofrido e miserável.

    Cambada de baianos.

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    sexta-feira, janeiro 17, 2003

    BOAS

    Drogas são tão legais que não deveriam ter esse nome. Deveriam se chamar Boas. Existem as boas da boa e as boas ruins. Os remédios são drogas, daí as drogarias. Quem toma droga é doente. E quem usa muita boa ou é viciado na boa, na boa, precisa de drogas. Os sãos só usam boas.

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    segunda-feira, janeiro 13, 2003

    Antes que me esqueça, o CD de Twoism é o único com frente e verso pretos que já vi.

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    O PRIMEIRO DISCO DO ANO

    Ainda estou processando o óptemo 100th Window, do Massive Attack.

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    POW!

    Jesus, me acuda! O vocalista do Charlie Brown Jr., aquela banda de velhos que se vestem de crianças, deu um tabefe num moleque em Santos.

    O motivo: o adolescente preferiu ouvir o disco do Rouge ao óóóóptemo disco da banda santista. O local: a seção de discos do supermercado Extra.

    O que mais me intriga é o lugar, não o motivo.

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    AH AH AH

    Os Bee Gees devem estar cantando agora Stayin' Alive.

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    EXPLORAÇÃO INFANTIL

    Não que isso me interesse, mas alguém precisa revelar com quantos reais vivem as coitadas do grupo Rouge. Ou você acha que a Sony fê-las mais ricas mesmo tendo vendido 1 milhão de cópias? Ou você acha que essas pobres criaturas que nem comiam direito antes disso tudo sabem o que lhes é de direito? Ou você acha que acabou a escravidão no mundo?

    O Rouge é o equivalente musical das fábricas da Nike no Vietnã: crianças e adolescentes tropicais que ganham US$ 1 por mês para encher o rabo de grana de uma multinacional.

    E aí volto a dizer: são gênios aqueles que criam o desejo e a necessidade no escravo de se tornar um escravo. Isso é tão genial quanto hediondo.

    Neo Zeitgeist




    CHILD FREE

    Por falar em crianças, as empresas de aviação, de ônibus e de trem deveriam criar viagens especiais para menores de 13 anos. Essas criaturas não deveriam viajar próximas de pessoas mais velhas (que não fossem parentes delas, é claro), então haveria aviões especiais para os guris, ônibus adaptados às necessidades das crianças e trens com brinquedinhos para as pestes passarem o tempo.

    Eu, por exemplo, seria cliente fiel de uma empresa que me garantisse que não haveria *nenhuma* criança presente na viagem. Seria a certeza de paz e tranquilidade durante o trajeto. Pagaria mais por isso, claro.

    Também seria fidelíssimo àquelas companhias de transporte que dispusessem de câmaras à prova de som onde essas crianças ficariam armazenadas do começo ao fim da viagenm. Câmaras confortáveis, com livrinhos, brinquedinhos, almofadinhas, fofurinhas e ainda espaço para as coitadas das mães.

    Porque, anotem isso, eu ainda vou cometer um homicído contra alguma criança que não parar de chorar ou de correr ou de chutar a minha poltrona durante uma viagem. Ah, vou. O curioso é que sempre que tento dormir com esses gremlins por perto _não consigo, evidente, mas tento_, imagino, naqueles momentos REM, em que não se está muito dormindo nem muito acordado, que enfiaria o travesseiro goela abaixo até aquele som estridente cessar. Ou (e isso quase fiz mesmo) que colocaria o pezinho displicentemente no corredor com o objetivo de criar um obstáculo para o petiz que corre _e a fim de acelerar o processo de queda dos dentes de leite, hehe.

    De modo que as crianças (eu adoro crianças, me divirto e aprendo muito com todas com as quais convivo) deveriam ter o seu próprio lugarzinho _vedado_ nas viagens, principalmente as mais longas. É uma questão de mantê-las vivas até o destino final, porque tem cada louco estressado que não pode ouvir um berreiro...

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    SUGES

    Bem que o Michael Jackson podia casar com a Donatella Versace e ter uns 7 filhos. Todos lindos, saudáveis e equilibrados.

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    sábado, janeiro 11, 2003

    HUNGER TOUR

    E essa Hunger Tour do governo? Ingressos esgotados, fãs histéricos (e, bem, famintos), cobertura massiva da imprensa, uma beleza. Mas eu acho que faltou um lance Zoo TV, do U2, nessa turnê. Tipo um telão com o Fidel ao vivo em Brasília Teimosa. Ou a Marina Silva encarnando Mephisto de óculos escuros tipo mosca, hahaha. Faltou tecnologia.

    Mas tudo bem. Isso pode ser resolvido com o DVD Hunger Tour 2003, cujos extras podem trazer a seção Banquete, onde os caras do governo aparecem comendo muuuito nos hotéis por onde passaram, making of da Benedita arrumando os cabelos de manhã e Lula escovando os dentes, falando ao telefone pouco antes de subir no palco. Outro extra, É Nóis na Fita, mostra depoimentos dos moradores dos casebres onde o presidente entrou, um pouco de sua vida e como se prepararam para rceber o ômi.

    Vai ser um sucesso.

    Neo Zeitgeist




    TWOISM

    O EP Twoism, de 1995, confirma a viagem de volta ao útero que a dupla escocesa Boards of Canada fazia no começo de sua carreira. Duas das oito músicas de Twoism (algo como "doisismo", hehe) foram refeitas para o espetacular Music Has the Right to Children, o melhor álbum de 1998, empatado com Mezzanine, do Massive Attack.

    Se em Music Has the Right to Children, havia um semi-épico psicodélico, em Twoism o ouvinte é levado direto para o líquido amniótico onde permanecera por uns nove meses, lugar pequeno com tudo o que o bebê precisa para viver.

    Já na primeira faixa, Sixtyniner, a sensação de estar fora do próprio corpo _ou de voltar a ele no ambiente mais confortável onde já se esteve, na barriga da mãe_ com total segurança intriga. Aquilo é uma canção de ninar das mais eficientes, trilha de hipnose (o tal ninar da canção) da qual não se quer fugir. Ao contrário: leve-me ao seu líder agora!

    Música eletrônica reflexiva, melancólica mas ao mesmo tempo feliz, sem glitches, suave e encantadora. O útero deve trazer esse conforto "solitário-acompanhado" que o Boards of Canda traduz em música. O sangue fluindo por toda a parte, os órgãos vitais seus e de sua mãe pulsando em harmonia e fluidez e os sons moucos de tudo isso num amiente líquido percorrem todo o EP.

    EP que foi relançado em 2002 pela Warp, corrigindo a tiragem original de apenas 100 cópias com as quais a dupla escocesa procurava gravadora em 1995.

    Depois de ouvir qualquer disco do Boards of Canada, entende-se por que os bebês berram quando nascem: apertaram a tecla stop no parto.

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    quarta-feira, janeiro 08, 2003

    O BICHO

    Nice Weather for Ducks, Lemon Jelly.

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    terça-feira, janeiro 07, 2003

    MAL X BEM

    Minha opinião é de que o mal nunca é ‘radical’, é apenas extremo e não possui profundidade nem qualquer dimensão demoníaca. Ele pode cobrir e deteriorar o mundo inteiro precisamente porque se espalha como um fungo na superfície. Ele é ‘desafiador-do-pensamento’, como eu disse, porque o pensamento tenta alcançar alguma profundidade, chegar às raízes, e o momento em que se ocupa do mal é frustrado porque não há nada. Essa é sua ‘banalidade’. Apenas o bem tem profundidade e pode ser radical
    Hannah Arendt

    Neo Zeitgeist




    ARTIST UNKNOWN

    Eu até que gostaria de tocar no Brasil. Acho um país legal, são os melhores no futebol, tem praias lindas, mulheres idem, e todos os meus amigos que já tocaram lá dizem que o público é "wild".

    Mas, você sabe, o Brasil é um país onde acontece poucos shows internacionais... É uma pena porque conheço várias bandas que adorariam se apresentar lá, mas os organizadores não têm dinheiro para levá-las. Além disso, existe um problema grave _e é exatamente por isso que não vou pra lá.

    Veja, eu sou um cara underground, não sou tão famoso, nunca tive discos entre os mais vendidos em nenhum país (nem no meu próprio!). Mas no Brasil existe um assédio desmedido em relação a apresentações que não são de brasileiros. O meu agente já recebeu vários telefonemas de jornalistas que querem me entrevistar pelo simples fato de eu lançar discos. Acho isso ótimo, não me entenda mal, mas é esquisito um lugar tão longínquo ter essa sede toda.

    Conheço artistas amigos meus que ficaram chocados com a quantidade de capas de jornais nas quais estiveram estampados quando foram para lá. E não eram publicações especializadas (me disseram que não há tantas lá), eram os maiores jornais do país!

    E perguntam coisas idiotas, do tipo se conhece alguma música do Brasil, qual é a expectativa em tocar lá, o que eu vou fazer quando chegar lá, como será a apresentação, se haverá alguma surpresa para os brasileiros... Imagine se algum jornalista espanhol ou francês vai me perguntar se conheço alguma música do país ou "qual é a minha expectativa" em relação ao show. Isso é tão passé...

    Coitados dos brasileiros, até entendo a situação deles. Como nunca vêem shows de artistas estrangeiros, quando aparece algum, ficam tão entusiasmados que exageram na dose. Chegam a chamar qualquer cantora ou DJ de "diva", qualquer veterano da guitarra de "deus" ou "mestre" pelo simples fato de estar presente em carne e osso. Menos, menos.

    Tenho um amigo que conhece o roadie do Rush que disse que nunca viu nada igual nos 30 anos da banda quando foi agora ao Brasil. Histeria é pouco para descrever a reação dos fãs e da mídia em relação à banda. E, pelamordedeus, era o Rush!

    De modo que tenho certo receio por essa superexposição desnecessária num país onde nunca estive. Deve ser um lugar ótimo para passar férias e tal, mas para fazer show exige uma disposição para agüentar toda essa avalanche midiática que não tenho.

    Além disso, não gosto de criar muitas expectativas antes das minhas apresentações. O público, claro, tem de ser vibrante, gostar do meu trabalho, curtir o som. Mas é bem diferente de tocar num lugar onde todos estão lá para ver a sua cara, para medir as suas reações, para analisar cada passo que você dá. Dizem que no Brasil isso é conhecido como "hype"...

    Então eu torço para que um dia os shows de artistas gringos sejam mais constantes no Brasil. Isso cria um universo em que o público se torna mais habituado e se estressa menos com as atrações. Assim eu vou me sentir mais à vontade para tocar lá.

    Neo Zeitgeist





    domingo, janeiro 05, 2003

    CANDANGAS

    Durante o discurso improvisado no parlatório no dia da posse, só faltou o Lula falar em tom solene:
    Companheiros, e vai rolar a festa, vai rolar.
    @@@@@@

    E o Olívio Bigodón Dutra não foi à cerimônia da posse em Brasília. Como o tempo está chuvoso na capital, o ex-governador gaúcho temeu pela integridade física do seu bigode, que ganhou sessão recente de alisamento japonês. O que é isso, companheiro?
    @@@@@@

    Continuo sem entender algumas placas de trânsito de Brasília. A que chama mais a atenção é aquela com uma carroça (isso, veículo de 1 HP) e uma faixa diagonal vermelha. Isso significa que é proibido o trânsito desse tipo de transporte em certas vias. A minha dúvida é: alguma carroça já foi multada?
    @@@@@@

    Numa loja de revelação de fotos havia o aviso escrito a mão: Fotos especias tipo nu e etc devem ter autorização por escrito do dono do filme. Por favor, não insista. Gente, onde estamos?? O que deve ter de funcionário público depravado...
    @@@@@@

    Em locais de grande trânisto de pessoas, havia guichês de informações sobre a posse do Lula, iguais a esses de aparelhos celular em shopping center. Tudo muito bem produzido, colorido e com atendentes solícitas. Quase perguntei sobre como seria a posse do José Alencar. Duvido que soubessem.
    @@@@@@

    Conurbação etílica. Isso é o que acontece a partir das 19h em um bloco da comercial da 204 Norte. Como quase todos os estabelecimentos desse bloco são de bares (e todos invocam o Rio, com fotos antigas e layout tipo Original, Pirajá, essas coisas), você senta em qualquer um deles, ganha uma comanda comum a todos os botecos e pode mudar de bar se quiser. A conta também pode ser paga em qualquer membro do "pool". O que se vê é o bloco (quadrado) cercado de mesas por todos os lados.
    @@@@@@

    Se um dia você for de carro a Brasília e pedirem para você tomar cuidado com os pardais, não pense que se trata de aves perigosas que podem atacá-lo. Pardal é como é conhecido o radar de trânsito. O motivo desse apelido curioso é devido aos primeiros radares de velocidade instalados na cidade por volta de 1994. Eles ficavam (e ainda estão) sobre o poste do semáforo em frente ao Palácio do Buriti, no Eixo Monumental, de modo que pareciam ingênuos pardais. Só que em vez de cagar nos carros, eles os fotografavam.
    @@@@@@

    Que o Correio Braziliense é um ótimo e pulsante jornal não há dúvidas. Mas o que era a última seção de gastronomia que trazia uma receita de ovo frito (1 ovo, óleo e sal) no alto da página?? E há também uma coluna sobre internet com o criativo nome ".Web" que teoricamente traz dicas de sites. Na sexta passada o destaque era o site oficial do Led Zeppelin... Será que o jornal está sendo censurado e publica essas coisas no lugar de matérias proibidas, como na época da ditadura?
    @@@@@@

    Então você faz a tesourinha do eixinho na 13, vira depois da comercial, atravessa a W3 e pronto.

    Neo Zeitgeist





    Tudo o que é ilegal é legal. Esse Blue Tree Alvorada, que deve ter sido construído em área irregular, não foge à regra. A piscina à beira do lago e o quarto com vista para a sala de estar (juro) do Palácio do Alvorada são demais.

    Neo Zeitgeist




    TRAZ A CONTA

    Os bares de Brasília, assim como a cidade, são meio iguais entre si e com nomes suuuuper originais (tipo Café do Brasil, Café Brasília...). Os garçons também conservam certa uniformidade no atendimento: uma merda. Pelamordedeus, eles são muito ruins e não estão nem aí para quem está sentado à mesa. É mais fácil você pedir um chopp pra mulher que vende rifa e Mega Sena, personagens sempre prsentes nos bares, do que pro cara de avental.

    Depois reclamam quando brasilienses matam garçom. É ódio reprimido, hehe.

    Neo Zeitgeist





    sexta-feira, janeiro 03, 2003

    JOTACÁ



    Ponte bonita, superfaturada e de utilidade suspeita: a cara de Brasília.

    Aliás, essa ponte é mais uma coisa que se chama JK em Brasília. Por motivos óbvios, quase tudo na cidade é JK, de creche e auto-escola a ponte e memorial. O curioso é que os logradouros públicos se chamam JK só em Brasília. Em SPaulo, a avenida com o nome do ex-presidente (até onde sei a única coisa com o nome dele na cidade) é conhecida como Juscelino _os paulistanos são menos íntimos do cara, é verdade.

    Neo Zeitgeist




    A FRASE

    A música não vai começar, não?
    Meu pai enquanto terminava de ouvir o disco do Metro Area.

    Neo Zeitgeist




    MAR VERMELHO

    Que dia. Que dia! Começou com uma festa típica local; casa no lago, música antiga e umas pessoas indesejáveis. Tudo igual a 1987. Ainda hoje, pessoas relativamente bem informadas cantam junto "você não vê a torriiiiiiiiiiiaaaa", do Capital Inicial, ou "homem primata, capitalismo selvagem ôô-ô", dos Titãs. Alguém precisa fazer um estudo sociológico das festas brasilienses, porque devem ser as únicas que estão entaladas para sempre nos anos 80 e não se tratam de revival.

    O legal é que estava ouvindo aquilo tudo de novo, uns 15 anos depois, em Brasília. E era divertido. Não é sempre que se ouve músicas da adolescência in loco. E o dia estava só começando.

    Gente, muita gente. No dia anterior já havia centenas de pessoas na Esplanada _um lugar ímpar no Brasil, amplíssimo, horizontal, derramado_ com um olhar que nunca havia visto em nenhuma ocasião em Brasília. Era felicidade e esperança, mas acima de tudo muito orgulho _o mesmo "pride" que os gays acham legal dizer que têm. Tudo parecia irreal com uma dose cavalar de realidade, o que deve ser a fórmula básica de um sonho; as barracas do Exército, as botinas a garantir a segurança de um evento cujo astro passara de procurado a chefe, as portas do Palácio do Planalto abertas, os vermelhos, as bandeiras nos carros como em dia de eleição e a tão lembrada "emoção", que faz o dia das emissoras de TV.

    O mais inesperado foi o visual reggae que o local passou a ter, com fitas verdes, vermelhas e amarelas penduradas nos postes. E o mais bonito foi um providencial arco-íris que abraçava toda a Asa Norte e desembocava atrás do Congresso Nacional. O Queen diria que it's a kind of magic.

    Se no dia anterior, as avenidas mais protocolares da cidade já estavam transfiguradas, no dia 1 umas 150 mil pessoas foram lá, e foi o que foi. É muita gente, mas ainda um número que deixa imensos espaços vazios em fotos aéreas da Esplanada. Acho que seria necessário o triplo de gente para configurar uma aglomeração como é conhecida em outras cidades.

    Eram 150 mil vitoriosos. Estava estampada em cada sorriso espontâneo, em cada abraço, em cada passo decidido rumo ao Congresso Nacional a atitude de vencedor. Não só nada iria impedir a consagração da vitória como ela seria do jeito que todos ali sempre quiseram: para o povo, com o povo.

    Havia felicidade por poder compartilhar tudo isso com qualquer desconhecido que estivesse ao lado, como se dois velhos amigos fizessem comentários retóricos seguidos de sorrisos e confraternização. Mas havia uma certa melancolia por desconhecer o motivo pelo qual ninguém se comportava assim cotidianamente. Ali uma simples pergunta a esmo era respondida de imediato por quem estivesse mais próximo _não importava o que fosse. A palavra companheiro fazia todo o sentido. O que falta para ser assim todos os dias?

    Então vieram o discurso e o êxtase. "Declaro empossado Luiz Inacio Lula da Silva presidente do Brasil". Foi o equivalente ao segundo gol de Ronaldinho contra os alemães na Copa 2002. Mas a alegria era mais completa, mais total, tinha "sustança". Mais de dois meses depois do resultado das eleições, parecia que tudo aquilo era novidade de novo. Ainda era incrível.

    A chuva intermitente era mais um elemento cênico da festa, assim como os cavalos dos Dragões da Independência, como o espelho d'água do Congresso, como as bandeiras do Che, como o Rolls Royce que falhou (me permita o clichê, mas aquilo foi o retrato do Brasil: um carrão potente sendo empurrado para subir a ladeira). E a água que caía só aliviou o calor.

    Os pequenos erros de português antes sacaneados agora são exatamente os detalhes que legitimam Lula como o presidente do povo. E lá vem ele, Marisa Letícia, seguranças e muito confete. Histeria total. O choro insistia em sair por motivos que nunca saberei explicar ou justificar. Talvez pelo simples fato de estar ali, na cidade onde fora criado, festejando o ano e presidentes novos com pessoas queridas numa circunstância absolutamente inédita (as únicas vezes em que caminhei na Espalnada foram na passeata pelo impeachment e num torneio de tênis realizado nos gramados). Também nunca havia visto ou presenciado tanta gente reunida ali, um lugar inóspito, infinito.

    O sol começava a se pôr quando a faixa presidencial passou a dois metros do meu nariz, e o espetáculo inédito do começo ao fim ganhou o seu último ato: as evoluções da Esquadrilha da Fumaça. Já inebriado pelo álcool (R$ 1,50 a lata, tabelado) e pela euforia de estar tão próximo de um presidente _e de um presidente como aquele e num dia como aquele_, o que me restava era vibrar com as manobras dos sete aviões, que, como dizia o locutor (yes, a apresentação era narrada!), "passava sobre as nossas cabeças".

    Uma versão instrumental de We Don't Need Another Hero saía dos alto-falantes na tentativa de dar um aspecto Top Gun a tudo aquilo. Em vão, porque logo depois vieram Pivete Sangalo, Skank, Jota Quest etc. Muito mais a ver, diga-se.

    Não tinha e continuo não tendo nenhuma opinião sobre a Esquadrilha da Fumaça, mas a apresentação na Esplanada, logo após o presidente passar ao meu lado no dia da posse dele, é um fato que ainda estou digerindo.

    Digerindo muito lentamente, como você pode ler, já que a pieguice está presente. Mas ao menos não há nenhuma ingenuidade em relação ao governo, como pode parecer. O meu empenho cívico e democrático iniciado nas ruas de Paris nas últimas eleições presidenciais ficaria incompleto se não estivesse presente no dia em que o presidente do Brasil abriu o Mar Vermelho em plena Esplanada dos Ministérios na inacreditável Brasília.

    Que dia. Que dia...

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